sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Dom Milton comenta eleições de conselheiros tutelares

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia


Em entrevista ao Blog da Pascom, dom Milton Kenan Junior, bispo auxiliar na Região Brasilândia e referencial da Arquidiocese para as Pastorais Sociais comenta o resultados das eleições para conselheiros tutelares realizada em toda a cidade em 16 de outubro, com a participação de 138 mil eleitores (1,63% do eleitorado paulistano).


Pascombras - Em 14 dos 23 conselhos tutelares na área da Arquidiocese de São Paulo, 26 candidatos apoiados pela Igreja conseguiram se eleger. O resultado está dentro do projetado inicialmente ou a perspectiva era de consegui representação em mais conselhos?


Dom Milton Kenan Junior - È claro que a nossa expectativa era de ter uma maior representação; entretanto, acredito que os resultados são muito expressivos, motivo pelo qual podemos nos alegrar! Creio que temos nestas eleições uma demonstração da força do Congresso de Leigos na Arquidiocese de São Paulo. Nos encontros promovidos pela Equipe de Articulação [da Defesa da Criança e do Adolescente] pode-se ver a consciência cristã de muitos candidatos, dispostos a assumir esta tarefa para ser “sal da terra”, ou seja, para fazer da defesa das crianças e adolescentes expressão de seu compromisso evangélico.


Pascombras - Como a Igreja pretende dialogar nos outros conselhos em que, inicialmente, os eleitos não requeriram apoio das comunidades e pastorais católicas nas eleições? Especialmente no caso dos conselhos da Sé e Bela Vista, na região central, onde a vunerabilidade dos menores é maior, nenhum conselheiros apoiado foi eleito...


Dom Milton - Penso que o pressuposto não deve ser os que não querem dialogar, mas ao contrário, os que estão dispostos a dialogar e realizar um trabalho competente em função das crianças e menores da cidade de São Paulo. A primeira vista pode nos parecer que para a cidade a presença e participação da Igreja tenham pouca importância; mas, creio justamente ao contrário. Nos contatos que tive nestes últimos meses com representantes da sociedade civil, do Ministério Público e organizações populares vejo latente o desejo de ouvir e contar com a Igreja no enfrentamento dos desafios da metrópole. Entretanto, em relação aos que não querem dialogar, manteremos sempre uma atitude de respeito, abertos, no entanto, a colaborar no que for preciso.


Pascombras - A mesma pergunta vale para aqueles conselhos em que a representação será em minoria, como no da Brasilândia, Aricanduva, Lapa e Mooca, com apenas um eleito apoiado.


Dom Milton - Creio que poderemos, a partir destas eleições, reforçar a Equipe de Articulação que trabalhou tão bem na preparação dos candidatos. Esta equipe além de acompanhar e assessorar os candidatos eleitos ligados às comunidades e paróquias da Arquidiocese, poderá também articular-se de maneira a oferecer aos conselhos tutelares a colaboração da Igreja nas situações e questões que exijam maior envolvimento popular.


Pascombras - Em entrevistas anteriores, o senhor, bem como a equipe de articulação, manifestou que a Arquidiocese pretende realizar formações com os eleitos e auxiliá-los na gestão. Formações similares vão ser pensadas para as paróquias e comunidades ou mesmo haverá orientação para que os conselheiros eleitos sejam multiplicadores dos propósitos do ECA e dos instrumentos de defesa da criança e do adolescente aos demais católicos?


Dom Milton - Sim! Num prazo curto vamos reunir aqueles candidatos eleitos que estão ligados às paróquias e comunidades da Arquidiocese, para juntos planejarmos uma agenda de encontros, que possibilitem troca de experiências, partilha de dados e, ações em comum. Neste processo, volto a afirmar que a ação da Equipe de Articulação poderá ajudar, alavancada pela Pastoral do Menor da Arquidiocese.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

8 conselheiros apoiados pela Igreja são eleitos na Brasilândia

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

Os fiéis da Região Brasilândia, estimulados por dom Milton Kenan Junior e o clero regional, atenderam ao chamado da Arquidiocese de São Paulo e foram às urnas no domingo, 16 de outubro, para eleger os novos conselheiros tutelares da cidade, que entre outras funções são responsáveis por fiscalizar e elaborar propostas voltadas à garantia do direito das crianças e adolescentes.

O esforço valeu a pena: 8 dos 20 conselheiros que serão empossados em 18 de novembro para os conselhos da Brasilândia (criado este ano por decreto do prefeito da cidade), Freguesia do Ó, Pirituba e Perus - que atendem aos bairros da Região Episcopal Brasilândia - receberam apoio das paróquias e pastorais.

Uma das eleitas é Iracilda Pereira Canha, que com atuação na Pastoral do Menor, e histórico de dois mandatos como conselheira municipal, incluindo a primeira gestão de 1992-1995, ela já projeta qual o maior desafio a ser enfrentado. “Agora vai ser nós tentarmos amenizar a violência, porque na primeira gestão na cidade estava tudo novo, não sabíamos como fazer esse enfrentamento, a violência era escondida, pouco se ouvia falar. Hoje, está escancarada 24 horas por dia, então, acredito que uma das maiores dificuldades será superar a violência em todos os sentidos, desde a violência doméstica até a violência da rua”.

No conselho de Pirituba, os eleitos com apoio da Igreja serão maioria: Andrea Aparecida Rodrigues, da Pastoral de Fé e Política; Conceição Aparecida, coordenadora da Pastoral Afro na Região; e Jerusa dos Santos Lima, atuante na Paróquia São Luis M. G Montfort, no Setor Jaraguá. Para o conselho de Perus, conseguiram se eleger o diácono permanente Antônio Campineiro e Francimar Francisca de Sousa Perreira, engajada na Comunidade Sol Nascente da Paróquia Santo Antônio.

De acordo com a Equipe de Articulação em Defesa da Criança e do Adolescente, formada por representantes de pastorais, em toda a Arquidiocese 26 candidatos apoiados pela Igreja se elegeram. Dos 23 dos 44 conselhos existentes na cidade estão nos limites paroquiais arquidiocesanos e em 14 destes haverá representação de conselheiros que se elegeram com o apoio da Igreja. 138 mil pessoas compareceram às urnas no último domingo em toda a cidade para a votação, o equivalente a 1,63% do eleitorado paulistano.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Brasilândia recebe 1° Missão Jovem Arquidiocesana da PJ

Por Daniel Gomes, pela Pascom Brasilândia

Pelos morros, becos escorregadios e córregos a céu aberto que caracterizam as áreas mais carentes dos bairros Jardim Vista Alegre, Jardim Paraná e Elisa Maria, cerca de 100 jovens das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo participaram da 1° Missão Jovem Arquidiocesana da Pastoral da Juventude (PJ), nos dias 8 e 9.

A proposta foi de mapear a realidade social e religiosa das famílias carentes e motivá-las a uma conversão pessoal e pastoral. Vindos da Paróquia Santíssima Trindade, da Região Belém, Milena Bispo de Sousa, 14 anos, e Abel Martins, 28 anos, visitaram muitas famílias, entre as quais a de William dos Santos e Joana D´Arc, que há sete anos vive em um barraco de madeira no Jardim Paraná.

Joana raramente vai à Igreja, e para ela, igreja é sinônimo de ida à missa ou a cultos evangélicos. William não a acompanha, mas elogia o empenho da mulher, enquanto lamenta a dependência de um vício: “Tento parar de beber, mas não consigo, quero mudar, mas preciso de ajuda”.

Milena e Abel anotaram todos os anseios daquela família, assim como o fizeram os demais jovens que enfrentaram a chuva e a lama daquele fim de semana. Na visita a cerca de 250 casas, ouviram reclamações sobre os serviços de saneamento básico e energia elétrica, relatos de incerteza sobre o destino que terão com a construção do trecho norte do Rodoanel, confidências de vítimas de violência física e sexual, lamento de deficientes físicos pela falta de acessibilidade nos bairros, e ainda constataram que muitos jovens estão distantes da Igreja.

“Conseguimos levar Cristo para as famílias. As pessoas estão fechadas nessa realidade e nós tentamos fazer com que eles conhecessem mais a Igreja. Com a nossa chegada, espero que lutem mais pelo que precisam”, avalia Milena.

Os dados foram repassados à Paróquia Imaculado Coração de Maria, Setor Nova Esperança, que atende os fiéis desses bairros e de outros da zona noroeste, através de 11 comunidades.

“A missão veio nos ajudar a entrar em algumas regiões da paróquia em que estamos com dificuldade justamente pela falta de agentes pastorais. Pedimos aos missionários que catalogassem nomes e destacassem as necessidades de atendimento especial para que direcionemos às pastorais já existentes e assim essas pessoas possam ser acolhidas pela Igreja”, explicou padre Antônio Florentino Cesar Neto (Toninho), pároco.

No domingo, à tarde, os jovens missionários e as 90 famílias que os acolheram uniram-se aos paroquianos na Escola Estadual Flamínio Fávero para participar da animada missa de encerramento das missões, presidida por dom Tarcísio Scaramusa, bispo referencial do Setor Juventude na Arquidiocese.

Ao mencionar o tema da missão “O amor de Cristo é que nos impulsiona”, dom Tarcísio lembrou que os cristãos são chamados a missão todos os dias e devem anunciar um projeto de vida centrado em Deus. “A missão vai continuar em outros momentos e realidades porque nós devemos anunciar que Deus quer que todos participem do banquete da vida, que todos tenham vida”, disse.

Ao final da missa, Anderson Bueno e Leandro Batista, da PJ da Brasilândia, apresentaram um foto-documentário com as atividades realizadas na missão, que para muitos deixou marcas profundas e o desejo de permanecer em missão.

“Foi uma experiência única conhecer a realidade dessas pessoas. Percebemos que elas são realmente esquecidas pelo poder público. Vi um contexto de miséria, pobreza, e pude me questionar sobre qual o nosso papel de Igreja diante da realidade gritante que encontramos”, comentou Flávia Zaurisio, 24 anos, da Região Santana.

“Estamos levantando uma bandeira agora para ver se a gente consegue mudar a vida de muitos jovens. Se não for pela Palavra de Deus, é muito difícil. Quando as pessoas estão firmadas na rocha que é Jesus, as coisas fluem melhor”, comentou Alex de Souza, 21 anos, atuante na Comunidade Nossa Senhora das Dores, da Paróquia Imaculado Coração de Maria.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Católicos são chamados a eleger conselheiros tutelares

Por Daniel Gomes, reportagem publicada no jornal O São Paulo

Os eleitores de São Paulo poderão escolher no domingo, dia 16, os 220 conselheiros tutelares da cidade, responsáveis por fiscalizar e elaborar propostas voltadas à garantia dos direitos das crianças e adolescentes. O voto é facultativo e as eleições serão coordenadas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).

A Arquidiocese de São Paulo, por meio da Equipe de Articulação em Defesa da Criança e do Adolescente - formada pelo Clasp (Conselho de Leigos da Arquidiocese) e as pastorais da Criança, Juventude, do Menor, e Fé e Política - está mobilizada no apoio e orientação aos candidatos ligados às paróquias.

De acordo com Sueli Camargo, integrante da equipe de articulação, ao longo do ano houve encontros formativos com os candidatos e indicação para que as paróquias os apoiassem explicitamente. Agora, na proximidade das eleições, a articulação tem sido feita com a distribuição de 500 mil folders formativos e informativos; envio às paróquias de um quadro com os locais de votação e o nome e número dos candidatos, conforme os conselhos atuantes na área de cada região episcopal; além de uma carta de motivação às eleições, de dom Milton Kenan Junior, bispo referencial das Pastorais Sociais.

“A nossa proposta é que os candidatos que procuram nosso apoio, que estão ligados à vida da Igreja, às comunidades, sejam assessorados pela Arquidiocese, por essa equipe de articulação, de tal forma que possam nos seus mandatos, estar comprometidos na defesa da criança e do adolescente”, afirmou o bispo em entrevista a O São Paulo em que também destacou que a causa das crianças e adolescentes é de responsabilidade de todos: “os conselheiros nos representam, mas alguns compromissos são indelegáveis, toda a sociedade que tem que estar envolvida”, opinou.

Por meio de decreto, em março deste ano, o prefeito Gilberto Kassab criou sete novos conselhos tutelares (Bela Vista, Brasilândia, Cangaíba, Grajaú II, Parque São Rafael, Pedreira e Rio Pequeno). Assim, a cidade terá após as eleições 44 conselhos, cada um com cinco integrantes.

Tanto para dom Milton quanto para Sueli, a ampliação, apesar de representar um avanço, não resolverá todas as demandas na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes.

O bispo avaliou que há necessidade de a sociedade estar mais informada, sensibilizada e mobilizada, especialmente no que se refere ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Os candidatos iriam ajudar muito se tomassem como compromisso conhecer, aprofundar, divulgar o estatuto”, expressou.

Sueli Camargo considera que “a realidade da criança e do adolescente na cidade ainda é precária”, e aponta que os futuros conselheiros precisarão tomar posições diante de realidades como a da Cracolândia, fechamento de abrigos e dos Centros de Referência à Criança e Adolescente (Crecas), proposta de internação compulsória e defesa dos direitos de meninos e meninas em conflito com a lei, especialmente os que estão na Fundação Casa.

Após as eleições, de acordo com Sueli, a equipe de articulação vai acompanhar os trabalhos dos eleitos, dando-lhes formação e orientações diante de dificuldades. Dom Milton espera que os eleitos “sejam vez e voz das crianças e dos adolescentes, que sejam um grito profético na realidade que vivemos, capazes de sensibilizar as comunidades, as populações, sobre as realidades dos menores que hoje são vítimas imediatas, indefesas, deste mundo que têm o lucro como sua lei”.

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